segunda-feira, 23 de julho de 2012

O miolo econômico do comércio varejista de Anapolis


Os trechos das ruas General Joaquim Inácio, Engenheiro Portella e 15 de Dezembro, entre o Terminal Rodoviário Urbano e a Praça Bom Jesus é considerado o miolo do comércio varejista de Anápolis, principalmente no segmento lojista. Nele se concentram, aproximadamente, 800 pontos de vendas, indo desde grandes lojas de bandeiras nacionais, até pequenos vendedores ambulantes. Não é possível calcular o número de trabalhadores, entre informais e registrados, mas, estima-se em mais de três mil.
No referido trecho são encontradas filiais de importantes lojas de departamentos. Estas constituem o ponto mais forte, por comercializarem eletro/eletrônicos; móveis; tecidos, confecções etc. Além das grandes lojas, nada menos que oito agências bancárias estão localizadas no referido trecho, assim como supermercados e três galerias, ou pequenos shoppings. A parte mediana é constituída por empresas familiares, a maioria pertencente a antigos comerciantes que se estabeleceram na região há mais de meio século. A principal concentração desse tipo de empreendimento está na Rua General Joaquim Inácio, antigamente conhecida por “Rua dos Turcos”, devido ao grande número de comerciantes árabes ali existentes. Ainda hoje, grande parte dessa vertente comercial é comandada pelos descendentes daqueles pioneiros.
E, tem, ainda, o chamado terceiro setor, que é constituído por centenas de vendedores conhecidos por camelôs. Eles se concentram em três shoppings populares, vendendo de tudo um pouco. Mas, há, também, uma quarta força, esta constituída por trabalhadores de rua, ou vendedores ambulantes. São centenas deles espalhados pelas calçadas, vendendo, desde roupas e confecções, a quinquilharias originárias do Paraguai. Mas, deles, também, se adquirem frutas, alimentos caseiros, medicamentos naturais, CDs e DVDs, aos milhares.

Clientela
Estimativas dos próprios comerciantes revelam que a maior parte da clientela é formada por pessoas dos bairros da Cidade. Aloísio Pimenta, dono de uma banca, assegurou que só vende para os usuários do transporte coletivo. “Meus clientes vêm dos bairros, descem do ônibus, passam por aqui e compram alguma coisinha. Muitos deles, na volta para o Terminal, acabam comprando de novo”, justificou. Também, Suellen, que vende CD e DVD assegura que mantém sua família com o resultado das vendas efetuadas nas proximidades do Terminal. “Faço de 30 a 40 reais livres todo dia”, afirmou.
José Régis, gerente de vendas de uma grande loja declarou que a maior parte dos fregueses vem, de fato, dos bairros. “Aqui na loja a gente tem essa certeza por conta do setor de entregas. Mais de 90 por cento de nossas entregas são feitas nos bairros. O pessoal vem de ônibus, faz a compra e a gente entrega”, declarou.
Joelma Alencar, também vendedora em uma banca da Rua General Joaquim Inácio, diz que há 12 anos trabalha no local ao lado do marido Milton. “Aqui somos como uma família. Não tem briga, não tem encrenca. A polícia dá cobertura e praticamente não tem furto nas bancas. Cada qual toma conta de seu pedaço. No período das chuvas as vendas caem um pouco, mas não posso me queixar. Tenho minha casinha, meus móveis e pago minhas contas com o dinheiro das vendas que faço aqui todo dia”, afirmou.
Outro que está satisfeito com o setor é “Pernambuco” dono de uma banca. Ele declara que os moradores dos bairros são os melhores clientes. “A maioria paga à vista. Não tem cheque, não tem promissória. Todo dia tenho dinheiro no bolso. É o pessoal que vem para o trabalho, para o banco, fazer consulta e desce no Terminal. Acaba passando pela banca e fazendo suas comprinhas”, declarou.

Números
De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, O Camelódromo (primeiro centro de comercialização popular, instituído nos anos 80, tem, hoje, 204 bancas. No Shopping dos Bonecos, alguns metros adiante, estão instaladas 224 bancas. O Mercado Municipal “Carlos de Pina” tem 202 permissionários e o Terminal Rodoviário Urbano conta com 91 espaços, entre bancas e lojas. Esses quatro centros de vendas, com mais de mil trabalhadores, têm nos moradores dos bairros e usuários do transporte coletivo, seus principais clientes.
Na Rua General Joaquim Inácio, no trecho ente o Terminal e a Praça Bom Jesus, funcionam 66 estabelecimentos formais (lojas, farmácias, etc.) e 51 informais, entre bancas, carrinhos e locais improvisados. Já, na Rua Engenheiro Portella são 67 vendedores informais, contra 26 estabelecimentos convencionais. Na Rua 15 de Dezembro existem 41 estabelecimentos formais, contra 20 informais.
Detalhe: aos sábados pela manhã, o número de vendedores ambulantes tem um acréscimo de, aproximadamente, 40 por cento. Ambulantes de outras cidades, principalmente Goiânia, aproveitam que praticamente não há fiscalização e instalam suas bancas. A esmagadora maioria dos trabalhadores de rua vive na informalidade, sem direito aos benefícios sociais, como férias; Décimo Terceiro Salário, aposentadoria, auxílio doença e outros. Todavia, apesar das campanhas para que se regularizem e se tornem micro empresários, pagando uma pequena taxa, poucos se interessam. Praticamente todos os que foram ouvidos pelo CONTEXTO preferem esse tipo de atividade. “Trabalhando de empregado, ganho 600 e poucos reais por mês. Aqui, tiro mais de dois mil”, disse Francisco Gama.

Nenhum comentário:

Postar um comentário